sexta-feira, 29 de abril de 2011

A morte de um amor

Tive uma longa história com um cara que, embora nunca tenha sido meu namorado, eu gostava bastante. Independentemente de quanto tempo se passasse, sempre voltávamos a ter contato em algum momento de nossas vidas. Até que eu simplesmente parei de sentir falta daquela pseudo presença. Em princípio fiquei desapontada, gostava de cultivar aquele sentimento, achava interessante supor que talvez um dia ficássemos juntos realmente...
Mas quando percebi que eu tinha sepultado tudo o que sentia, comecei a me questionar, a querer entender os porquês de tamanho distanciamento.

A resposta não demorou muito a aparecer.

Em meses de pseudo relacionamento, o cara só me trouxe decepções. Não no sentido mais comum da palavra, ou seja, ele nunca foi, agressivo, falso ou insensível. Pelo contrario. Era legal, carente, gostava de mim, estava sempre querendo me agradar ou mostrar o quanto eu era importante... mas me decepcionou com as atitudes que tomava, com o jeito que levava a vida. Em suma, com coisas que fazia contra ele e não contra mim.
Ele sabia suas dificuldades em modificar esse comportamento, talvez destrutivo, mas só na teoria demonstrava interesse na superação. Na prática que é bom, nada. Desejava fechar alguns ciclos na vida, mas por medo e cautela, jamais se empenhou em fechar de verdade.


Aí eu pergunto: que acréscimo um convívio desse poderia me proporcionar? Porque eu jamais conseguiria construir alguma coisa ao lado de alguém que eu sentisse pena, ou precisasse ficar consolando intermitentemente. E olha que, nas nossas conversas, eu não falava apenas o que talvez ele preferisse ouvir. Despia a verdade com todas as letras. Ele dizia que gostava, pedia que eu o aconselhasse mais. E embora concordasse comigo na maior parte do tempo, sentia-se de mãos atadas, incomodado com muitas coisas que lhe aconteciam. Fez algo para mudar? Não, nem perto.


Cheguei a admirá-lo, assim que o conheci. Depois concluí que o que eu admirava era a pessoa que eu achava que ele era e não quem ele era de verdade. Foi então que passei a vê-lo como um menino perdido, covarde, inseguro, acomodado. Jamais o vi fazer uma escolha que despontasse orgulho em mim. Ele tinha vários planos, mas deixava que os meses passassem sem que os planos saíssem, de fato, do papel.
E o pior é constatar que se encontrá-lo daqui a cinco ou dez anos, provavelmente ele estará na mesma inadmiravel inércia.

Contribuindo, quem sabe, com a morte de outros amores...

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